CARTA DOS ESTUDANTES À REITORIA - PUNIÇÕES/FESTAS NO CAMPUS

05-04-2010 19:09

 Os estudantes representados pelas entidades abaixo assinadas se mostram abertos ao diálogo e dispostos a discutir as festas dentro do Campus. Colocamos, portanto, os pontos indispensáveis para qualquer desenvolvimento deste possível diálogo, que para nós são inalienáveis.

Pela supressão de todas as sindicâncias

Nenhum diálogo será possível enquanto os estudantes estiverem sendo chamados para depor, sofrendo intimidações, sendo punidos. Não sentaremos com quem nos golpeia pelas costas.

Convocar, para responder sindicância, estudantes que fazem ou fizeram parte de Centros Acadêmicos e/ou DCE é uma maneira clara de tentar enfraquecer o movimento estudantil da Unicamp, uma vez que as festas servem para financiar nossas atividades de luta em defesa da universidade pública e de qualidade. Sendo assim, esses processos de sindicância atacam o direito de organização dos estudantes da Unicamp e por isso responderemos coletivamente a esses ataques.

Lembramos também, que alguns estudantes já foram punidos e, desta forma, exigimos a revogação imediata destas punições, também como premissa de qualquer diálogo.

Pela mudança do regimento

A Unicamp traz ainda em seu regimento a reprodução do decreto 477 da Ditadura Militar (1969), que ficou conhecido como o AI-5 dos estudantes. Isso é inaceitável em qualquer Universidade que se pretenda democrática, autônoma ou mesmo livre. Além de se tratar de um método que sobrepõe a força ao diálogo e que considera nossos colegas de antemão culpados, até que se prove o contrário, é um regimento inconstitucional, imposto de cima a baixo.

Trata-se na realidade do reflexo de uma estrutura de poder universitária que é igualmente anti-democrática, o que permite ainda sustentar este regimento absurdo.

Queremos ter voz dentro da universidade e, portanto, exigimos a mudança desse regimento e o fim imediato do 477 da Unicamp.

Queremos discutir as festas

Estamos de fato abertos a discutir as festas. A questão do som nos parece um problema central e queremos discutir uma forma que não atrapalhe a universidade e nem seus arredores.

Não deixaremos, entretanto, de fazer festas, pois entendemos que essa é uma maneira de ocupar o espaço público e é, sobretudo, uma forma de sociabilização importante dentro da Universidade. A vida universitária é sala de aula, centros de pesquisa, laboratórios, biblioteca e arquivos, mas é parte inalienável também a vida social, a cultura, os debates e as atividades extra-acadêmicas e festivas.

Queremos discutir as festas, mas exigimos também nossas liberdades no Campus, como livre reunião e livre circulação a qualquer hora do dia e da noite.

Então Sr. Reitor, estabeleça o diálogo com os estudantes. Pare com as sindicâncias para iniciarmos o diálogo.

Ass. DCE, CAIA, CACH, APG-FE

* esta Carta foi protocolada na reitoria no dia 19 de Março de 2010

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